A condição para despertar do sonho é estar dormindo. Portanto, todos têm natureza búdica, pois todos têm condição de acordar, já que estão dormindo. Mesmo a pior das pessoas, o pior dos criminosos, ele está dormindo um sonho, ele acredita piamente no sonho. Nós estamos vivendo isso: uma pessoa que acredita que se ele se explodir e matar um monte de pessoas ele vai para o paraíso. Então ele vai lá, se enrola em dinamite e se explode em meio à multidão, causando imenso sofrimento. Mas ele acha: “serei premiado por isso”. Para nós é evidente que é ilusão, mas para ele não é. Para ele é algo tão forte que é suficiente para que ele se mate.
A capacidade de a humanidade se iludir é muito grande, imensa. Buda levou tão a sério a ideia de destruir as ilusões que ele disse: “não acreditem em mim. Experimentem e testem”. É a mesma coisa que eu, como descendente da linhagem de Buda, tenho que dizer: “não acreditem em mim. Eu sou um homem, uma pessoa como vocês”.
A instituição, as vestes de monge, tudo isso aumenta a minha capacidade de influir e ensinar, mas essas coisas não me dão uma autoridade. O Budismo nega uma condição de argumento de autoridade. Não digam “o Monge Genshô disse isso, então é verdade”. Cada um tem que acordar por si mesmo. O Zen Budismo são métodos para acordar. Não é a verdade. Não temos a verdade para vender, nem cadeiras no céu, nada disso. Gostaria muito, iria facilitar a vida da comunidade, mas não tem. Não podemos prometer isso. Um harém para cada homem, um Brad Pitt para cada mulher.