Suas mentes são como a claridade pura da lua de outono, seus olhos são como a perfeição de um espelho brilhante. Não procuram a mente ou uma essência, nem mesmo praticam as verdades sagradas, não têm apegos mundanos, não permanecem no estado dos mortais comuns, nem são confinados ao estado dos sábios e santos – são viajantes sem mente.(TEXTO)
Este estado de não-mente, de desistir, de esquecer, é que é o estado perfeito, feliz. Quando depois de três dias de seshin, em momentos em que vocês saem e olham as árvores, as flores, o céu e vêem as coisas, e os pensamentos já cansaram e foram embora porque nós não os alimentamos mais, nós não os ficamos mexendo, então esse estado surge, o estado de não-mente, esse é um estado profundamente feliz. Eu estou sempre insistindo: não conversem, não falem, por quê? Não agitem suas mentes. Nós temos muito trabalho pra fazer a mente se acalmar aqui, sentados no zazen, olhando para a parede; muito trabalho, muito sofrimento; depois nós vamos lá e jogamos parte desse trabalho fora por simplesmente trocar algumas frases, depois saímos com um pensamento qualquer: ah, aquela pessoa disse-me isso…, … tem aquilo que aconteceu…,…será que gosta de mim?…,…será que está me olhando mal? Esses sentimentos são agitações e vão atrapalhar o processo do seshin; por isso, o silêncio é necessário e, por isto, quando a gente recebe uma tarefa, simplesmente faz a tarefa, mais nada.(COMENTÁRIO)
Aqueles que deixaram o lar mentalmente não raspam seu cabelo, nem usam roupas especiais. Apesar de viverem em casas e de estarem no meio dos problemas do mundo, são como lótus não maculados pelo barro, como jóias não afetadas pela poeira.(TEXTO)
A lótus é a flor símbolo do budismo, por quê? Porque nasce na lama, mas surge em cima da água pura e imaculada e é muito difícil sujar uma flor de lótus, você pode derramar água suja em cima dela que toda a água escorre, pelas características das pétalas, são como o teflon, nada gruda. Na realidade, os verdadeiros praticantes tem que atingir esse estado, esse estado de nada gruda, tudo escorre por mim, todo sofrimento, todo os eventos, todas as coisas simplesmente passam e nada gruda, o que me faz lembrar que vocês podem ter o koan do teflon, um koan bem moderno. O koan do teflon é assim: nada gruda no teflon, como é que o teflon gruda na panela? Isso é muito interessante e, na realidade, foi um grande problema para se resolver, um problema industrial, mas para nós é outro ponto: nada gruda em nós, tudo deve escorrer. Como é que nós podemos permanecer nós se nem este eu consegue ficar grudado em nós?(COMENTÁRIO)