Os antigos deram a um planeta avermelhado que aparecia no céu o nome de Marte, que é o mesmo nome do deus da guerra, porque o vermelho parecia a cor do sangue. Seus satélites foram chamados de fobos e deimos, medo e terror, os filhos de Marte, os filhos da guerra.
Mas na perspectiva budista a guerra, a luta e a raiva surgem do medo, então é como se marte fosse o filho do medo e do terror. Assim, quando nos surge o sentimento de raiva devemos investigar dentro de nós qual é o medo que o fundamenta, porque não temos raiva dos muito fracos e inocentes. Se surge raiva é porque algo em nós está ameaçado, pode ser meramente nossa vaidade que é ofendida pelas palavras de outros.
E então manifestamos raiva. Pode ser nosso orgulho, pode ser a própria ameaça física que provoca, por causa do medo, a raiva, a vingança, a represália. Mas se investigarmos fundamente as raízes desse chamado pior de todos os venenos mentais pelo budismo, vemos na raiva o medo, a defesa do ego, a defesa de nós mesmos e, assim, seguimos o conselho de Dogen que estudar o zen é estudar a si mesmo e estudar a si mesmo é esquecer de si mesmo. Esquecer de si mesmo nos liberta de todos esses sentimentos tempestuosos que existem para nos defender. Defender tudo em que fundamentamos a nossa própria identidade. A cada momento em que surgem esses sentimentos devemos investigar qual é a raiz? E assim poderemos nos livrar deles.
Resposta proferida por Meihô Genshô Sensei, Daissen-Virtual, dezembro de 2021.