O budismo nos ensina que essencialmente todos os acontecimentos têm a mesma consistência dos sonhos, pois eles são observados, vistos, interpretados e memorizados dentro de nossa mente. Assim, depois que eles passam podemos olhar para eles como se fossem sonhos.
Desta forma, tudo aquilo que nos magoou, ou tudo aquilo que no passado nos marcou, seja com que força for, ainda pode ser olhado como existindo apenas na memória. E assim, os acontecimentos podem ser olhados como sonhos que temos à noite e que não recordamos ou que só recordamos após acordar e logo em seguida começam a se desvanecer até que não nos lembramos mais.
Somos convidados a olhar tudo aquilo que no passado nos perturbou como se fossem sonhos, como se se dissolvessem na memória e se não nos lembrarmos perderão completamente sua força e, desta forma, nosso perdão e esquecimento passa a ser efetivo, quase automático.
Sentamos em zazen e somos instruídos a não viajar para o passado e nem para o futuro e portanto todos os pensamentos acerca de acontecimentos pregressos devem ser simplesmente abandonados com nosso exercício de voltarmos para o agora, para este momento, com esses sons. E também todo o futuro pode ser encarado como nossa imaginação e, portanto, irreal.
Retornar para o momento presente é libertar-se de passado e futuro e realmente ser capaz de viver plenamente, sem considerações ou elaborações. Essa é a instrução para a liberdade mais perfeita.
Teishô matinal proferido por Meihô Genshô Sensei – Fevereiro/2021.