Nós criamos convenções e entramos numa espécie de jogo. E é só um jogo. Você não ficaria chateado se conseguisse olhar o SPC como parte de um jogo, “ah, me colocaram no SPC”, faz parte do jogo, “dentro dessa regra do jogo leva quanto tempo para eu sair ou o que eu preciso fazer para sair?” – só a regra do jogo. Da mesma forma no trânsito: se você descumprir as regras, passar no sinal e for multado, ou emprestar seu carro para outra pessoa que foi multada em seu nome, podem cassar sua carteira. Mas a carteira faz parte também de um jogo inventado muito tempo atrás. Inicialmente não existiam carteiras de motoristas. Inicialmente, o jogo já foi tão diferente que quando os primeiros carros foram lançados na Inglaterra, havia uma outra regra: tinha que ir um homem a cavalo na frente dizendo “vem um carro aí, vem um carro aí” (risos).
Dessa maneira, se nós conseguirmos olhar todo o conjunto das coisas da vida dentro dessa interpretação, que são jogos criados, você se libera da angústia. É só um jogo, não tem nada, não tem nenhuma realidade subjacente, apenas a que eu acreditar que tenha. Assim como o jogador de xadrez que olha para o tabuleiro e acredita que o cavalo tem seu movimento em “L”. É porque ele acredita nisso que o cavalo tem esse movimento. Se ele não acreditar, se ninguém explicar as regras para alguém, o cavalo é só uma figurinha, um cavalo, mais nada.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]