Os líderes espirituais partilham um acontecimento de oposição que parece ser um arquétipo humano. Nas figuras acima, em cores, Devadatta, primo de Buddha, seu discípulo e admirador e que, tomado de inveja pela proeminência, que mesmo sem desejar, por simplesmente trabalhar, o Mestre acumula, tenta fundar sua própria Sangha em oposição a Buddha. Por todos os meios de conversas, acusações falsas e intrigas, consegue levar um grupo de monges que nele acreditam. Ao fim, tenta matar o mestre, fracassa e é abandonado por todos, conta a lenda que a terra o engole, mas os sutras deixam-lhe a esperança de, após muito sofrimento, retornar após kalpas e vir a se tornar um verdadeiro líder espiritual, esgotado o carma de traição.
Na outra figura Judas, antes de seu suicídio, uma figura escura, arrasado por ter se lançado contra o mestre a quem havia amado a princípio. Diferentemente da abordagem budista o castigo de Judas é eterno e sem remissão.
Gandhi, Martin Luther King, Hui Neng, o 14′ Dalai Lama, todos sofrem ou sofreram esse ódio mesclado de amor ressentido, que às vêzes resultou em assassinato. As características comuns deste arquétipo são:
1) No início uma idolatria, um culto apaixonado.
2) Após, o surgimento de uma inveja, um desejo de ser aquele ser por qualquer meio, ou substituí-lo ou destruí-lo.
3) Paulatinamente o uso de meios crescentes, imitação, depois intrigas ou tentativa de reunir aliados com sentimentos iguais.
4) Fracasso, seguido de recrudescimento do ódio até o assassinato ou arrependimento quando tudo dá errado e o carma produz desastres pessoais, auto destruição e integração à história como seres de opróbrio público.