Impermanência e Felicidade

Impermanência e Felicidade

Pergunta: O senhor pode falar sobre dhukkha.

Monge Genshô: Dhukkha muitas vezes é traduzido como sofrimento, mas isso está errado. Vem da raiz “dhuk”, que significa eixo; “dhukkha” significa eixo descentrado, fora do lugar. Se um eixo está fora do lugar em uma roda, a roda faz ciclos, sobe e desce. Buda disse: “a vida é dhukkha”, ou seja a vida é sobe e desce, às vezes feliz, às vezes infeliz, às vezes saúde, às vezes doença, etc. Portanto é insatisfatória. Porque ela é cíclica, ela é insatisfatória e você não vai achar a felicidade na vida, você vai achar só os ciclos, só os “sobes e desces”. A única maneira de ser feliz é olhar a vida com um distanciamento, uma aceitação, uma postura interna que lhe permite ser feliz apesar dos ciclos. Isto é sabedoria em relação a Buda.

Este é o primeiro discurso de Buda, a primeira declaração dele foi esta. A vida é assim, por isso ela causa sofrimento. Se existe uma causa para o sofrimento, existe uma maneira de removê-la, e a maneira de removê-la é… e aí ele começa a estruturar seu ensinamento que trata de como viver de maneira a livrar-se do sofrimento. E tudo se resume, no final, a questões mentais. Por isso o budismo é treinamento da mente em primeiro lugar.