No Tratado dos Quatro Acessos a nossa herança kármica é comentada. Sobre essa herança não devemos nos alegrar com fama, honra ou riqueza que nos venham facilmente porque é mero resultado de karma acumulado em muitas existências. E não foi nosso “eu”, propriamente, o “eu” dessa vida, que se tornou merecedor. Nós somos produtos kármicos, agora nos manifestamos e temos uma nova identidade e ela é herdeira, sem mérito. É assim, também, com as adversidades que nos vem, elas são heranças kármicas. Tudo o que podemos fazer é aceitar essa herança e tentar mudar o nosso karma.
Não aceitamos conformadamente, mas determinados a mudar e a alterá-las através de novas ações. As ações são karma, karma significa ação, e são elas que produzem os efeitos que se manifestam posteriormente. Assim, seja o que for que nos venha, aceitamos e tratamos de mudar através de nossa nova perspectiva, através do Dharma, através das nossas ações determinadas, voltadas para o bem. Isso irá alterar o karma.
Então, o karma não é destino, ele não é impossível de ser mudado. Pelo contrário, é mutável, é plástico, deve ser alterado e, assim, todo o futuro se altera. Se não regarmos as sementes de mau karma, elas não germinarão. Se regarmos as sementes de bom karma e dermos boas condições a elas, elas germinarão, crescerão e produzirão bons frutos.
Caminhamos sobre o caminho que nós mesmos pavimentamos através de nossas ações, e o caminho que se apresenta no momento é aquele que, em nossas vidas anteriores, construímos. Cabe a nós agirmos de maneira a mudar nosso caminho.
Teishô matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, Outubro 2021.