Não, claramente não há. No entanto o termo tem sido usado, mesmo em textos budistas, causando grande confusão, visto termos uma idéia diferente, no ocidente, de reencarnação, daquilo que é entendido como continuidade cármica no budismo. Sobre o assunto o Colegiado Buddhista Brasileiro, entidade que reune todas as grandes escolas tradicionais do budismo presentes no Brasil, emitiu uma carta pública que consta na íntegra, neste blog, em postagem do dia 20 de abril. Desta um trecho esclarecedor:
“Segundo o Sutra do Diamante, o mais antigo documento impresso localizado, nada permanece tal como alma ou coisa que carrega e transmite algo. E no Cannon Páli que reune as mais antigas escrituras, compilado por volta de 300 AC, fica clara a doutrina de Anatman (não há partícula permanente) em contraposição ao Atman (há alma, ou algo para reencarnar) doutrina do hinduísmo.
O Carma (os impulsos decorrentes de ação) é que gera uma identidade, e não uma identidade carrega um carma. Cada ser que surge, embora manifeste impulsos cármicos, é inteiramente novo em sua identidade, em seu eu ilusório pessoal.
Encarnações, como a palavra indica, implica que algo entra em um corpo, e não é isto que o budismo ensina, e sim que por um corpo se manifestar ele gera a noção de uma identidade, de um eu, e este eu se pensa algo separado, isto cessa inteiramente com a morte.
Os textos budistas que eventualmente usam a palavra reencarnações, por erro semântico, transferiram ao budismo um conceito que a este não pertence, e que o destaca de todas as outras grandes religiões.”