Quando falamos sobre as quatro nobres verdades, estamos falando sobre insatisfatoriedade da vida. No caminho óctuplo, falamos sobre as maneiras de evitar o sofrimento. Isso é como se fosse o “bê a bá” no budismo. E ele na verdade não é muito diferente dos ensinamentos de virtude de qualquer caminho espiritual. Há uma certa estrutura, e conseguimos evitar o sofrimento quando seguimos determinadas regras.
Normalmente, essas regras, em outras religiões, são baixadas por divindades que dão mandamentos e fazem promessas. No budismo não há uma divindade para dar mandamentos ou pedir obediência, de modo que o conceito de pecado está cancelado.
Toda ética do budismo se funda em cima da questão de ação e consequência: toda ação tem consequência. O caminho para evitar o sofrimento é uma série de preceitos ou recomendações (você deveria agir de tal forma, e, desse modo, vai evitar sofrimentos).
O conceito que nós estamos usando aqui, que é o conceito da originação dependente, é mais sobre como é a realidade, qual é a realidade. Você recebe as pessoas que estão sofrendo e diz: “olha, a vida é insatisfatória por sua natureza, por causa disso e disso, mas nós podemos reduzir o sofrimento usando a palavra correta, vivendo um meio de vida correto, etc. e tal”. E, em última análise, apontando o fim desse caminho virtuoso, é possível dizer que concentração correta, meditação correta, vão ajudar. Ou seja, se você treinar a sua mente, você vai sair desse circuito.