(continuação) Monge Genshô: Uma vez, 20 anos atrás, um homem num posto de gasolina desceu do carro para brigar comigo por um lugar em uma fila, também desci para não ser agredido sentado mas disse, “não, tudo bem, o senhor pode ir na frente, eu troco meu carro de lugar”. Então peguei meu cartão de apresentação, fui até o carro onde ele havia voltado a entrar entreguei e disse: “vamos transformar isso numa coisa boa”? E ele se desarmou, apertou minha mão etc., passaram alguns minutos, ele abasteceu o carro dele e veio falar comigo, andando com os braços abertos e disse: “eu não sou assim, eu não sou assim, o senhor veja eu perdi meu filho único de 21 anos, morreu semana passada, nem minha família me aguenta mais”. Aí todo mundo que tinha visto a cena no posto, não entendeu nada, porque os homens prestes a se engalfinhar estavam abraçados e um chorava. Então a gente não sabe o que está acontecendo na cabeça dos outros, porque é que ele está falando palavrões, porque é que ele está agredindo, você não sabe.
E tendo essa compreensão mais abrangente da vida, você poderá perdoar tudo. Você não vai pensar: “é para mim”, porque não é para você. Ele está brigando com o mundo e, por acaso você estava ali. Aquele homem se sentia injustiçado pela morte do filho, é isso, e então ele queria brigar com o mundo.