“As culturas orientais nos trazem outras formas preciosas de representar o tempo. Para o Budismo Zen, o tempo é um ponto e tudo que você chama de passado e de futuro nele está contido. O Zen não considera a existência do tempo linear, representação natural em nossa cultura. À pergunta “Quando é o início dos tempos?”, no Zen se responde “Desde tempos sem início”. A vida é uma continuidade sem tempo. Quando comecei minha conversa com o Reverendo Genshô, monge da escola Soto Zen, minha primeira pergunta sobre o tempo foi respondida com “Meu tempo é estar com você agora. Vivi toda a minha vida para estar com você agora”. Conversamos sobre o passado e o futuro: “O passado é um registro provavelmente de distorções. Não tem crédito especial. Cada vez que revejo algo em minha mente, ele é diferente. O futuro é mera expectativa. Posso terminar essa entrevista e cair morto. É uma construção mental. É como um sonho, uma bolha de sabão, uma fantasia não estável.” Sua linha do tempo, e era essa a busca central de nosso encontro, como linha não existe. Consistentemente ele apontou o passado, o futuro e o agora para dentro de sua cabeça: “É um grande espaço, percebido aqui, na mente evocável”. Sua linha era um ponto – ou um espaço. Em nossa conversa sobre memórias do passado e eventos futuros, suas mãos movimentavam-se ora para frente e para trás, ora para os lados, sem um padrão consistente. Alguns exemplos de sua vida diária não deixaram dúvidas sobre suas características NT, como era de se esperar pela localização do “ponto” do tempo dentro de sua cabeça. Insistente, busquei descobrir sua linha do tempo através do movimento das representações mentais ao longo do caminho de acesso às memórias, como já demonstrado neste capítulo. As imagens de memórias do passado e do futuro não se deslocavam em nenhuma direção – simplesmente se construíam ou se desvaneciam no mesmo lugar, o lugar de seu ponto do tempo.
O filósofo japonês e Mestre Zen Eihei Dogen Zenji (1200-1253) em seu célebre texto Uji (Ser-Tempo), coloca uma interpenetração ou quase identidade entre “ser” e “tempo” e fala desse ponto do tempo:
“Tempo não apenas passa – ainda que mesmo então ele não seja separado do eu – mas ao mesmo tempo está contido em cada instante presente, mesmo aqui e agora em mim, e em cada um daqueles pontos do meu ser-tempo os outros tempos estão incluídos. Ainda que meu instante presente seja sempre um ponto na passagem do tempo, este ponto único inclui os outros pontos passados e futuros.”
Para um Zen Budista, o tempo e o ser têm uma indissolubilidade, cada ser-tempo vive seu ser-tempo e o tempo próprio é uma experiência única e distinta do ser-tempo de outros. E o tempo não passa como um fluir de ir e vir, ele apenas e completamente é. O ser, nos seus movimentos, muda, e não o tempo, ele é estável. Este contem toda a experiência, incluindo um passado distorcido não importante e um futuro sobre o qual a afirmação de “provável” não tem sentido, apenas um “possível”de tamanho infinito. “Existe somente o presente imediato, no qual todo o tempo e todo o ser está englobado” (Dogen).”
( Extrato do livro “ESTÁ NA HORA!? – A Psicologia das Linhas do Tempo” de autoria de George Vittorio Szenészi MSc. Mestre em Psicologia, instrutor da Terapia da Linha do Tempo desde 1994, convidado pessoalmente por Tad James, seu principal criador. É Certified Trainer do American Board of Neuro-Linguistic Programming, Master Hypnotherapist e professor credenciado pelo American Board of Hypnotherapy. Especializado em PNL e Saúde pelo Institute for the Advanced Studies of Health. Professor de Psicotraumatologia e das psicoterapias da Psicologia da Energia. Diretor da Metaprocessos Avançados e Presidente da Sociedade Brasileira de Terapia da Linha do Tempo.)