(continuação)
Morri para mim mesmo, nada importa. Se nada importa, se o que os outros dizem não importa, se não existe nada que possa me ferir, então eu superei o ego. Se o professor no zen nos corrige ou aponta um erro, não nos defendemos, não nos justificamos, apenas fazemos gasshô e agradecemos. Mas isso é muito difícil. Por isso pedimos, “sente-se em zazen e abandone-se, esqueça o passado, esqueça o futuro, esqueça de si mesmo; se esquecer de si mesmo, então estará livre”.
Enquanto houver comentários discriminativos – “gosto disso e não daquilo” – há um ego se manifestando. “Eu prefiro isso”, é um ego falando. “Não gostei da atitude de Fulano”, é um ego falando. “Eu gostei do elogio que o professor me fez”, é o ego falando. Esse ego é nossa ilusão, nossa prisão fundamental. Por causa dele nós estamos aqui, presos em corpos e por causa dele nós nascemos e morremos.
O ensinamento de Buda para escapar do sofrimento e escapar de tudo, de velhice, doença e morte, está baseado principalmente em morrer para si mesmo. Morrer para seu próprio ego, morrer para sua vaidade, é para isso que treinamos. Não é para sermos importantes, sermos iluminados, alcançarmos algo, sermos melhores que outros, não é para nada disso. É para nos esquecermos de nós mesmos. Enquanto pensarmos, “eu sou melhor”, estamos presos.