Espíritos famintos são os seres insaciáveis, que por mais que você dê, eles nunca estão satisfeitos. Existem pessoas assim, que têm essa característica que por mais que ganhem, por exemplo, dinheiro, elas precisam de mais; ou alguém que rouba, mas precisa roubar mais, roubar mais, e quando você vê, ele roubou uma quantidade inimaginável de dinheiro que não poderia gastar nem na vida toda, mas ele não parou, ele continuou. Esse é um espírito faminto. Eles também são representados figurativa e pictoricamente no budismo como seres com grandes corpos e gargantas muito finas, ou seja, os corpos demandam muito, mas a garganta não permite a ele engolir tudo o que quer – sua ambição é desenfreada, infinita.
Este é um dos planos de existência inferiores ao plano humano na cosmogonia budista, porque Buda também falou em outros planos de existência mais elevados do que este aqui onde nós estamos, inclusive planos de existência de puras consciências sem forma – reinos, normalmente chamamos isso de reinos -. Não é um artigo de fé, mas é bastante citado na literatura budista.
Quando nós dizemos “partilhamos isto com os espíritos famintos, porque eles são insaciáveis”, e nós pegamos aquela oferta de arroz da refeição, levamos para o jardim e deixamos os pássaros e os outros animais comerem, o significado na prática do oryoki é servir-se mas não guardar tudo para si mesmo. É partilhar algo ainda com outros seres.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada por Meihô Genshô Oshô]