5) O senhor começou sua palestra falando sobre aproveitar sua vida, seja feliz pelo momento e fiquei pensando, não tem como não sofrer, até o mestre iluminado se a mãe dele morrer ele irá chorar. Então seria assim, eu aproveito minha vida, não significa deixar de viver para não sofrer, então vou aproveitar o máximo minha vida, vou amar, mas eu sei que o sofrimento vem junto. Na verdade amar e sofrer seriam duas coisas iguais?
Monge Genshô – Sim, é verdade, estão dentro uma da outra. E aproveite sua vida já que você tem uma vida. Quando tiver sofrimento, sofra. Morre sua mãe, o que você faz? Chora, não há mais nada para ser feito.
Aluno – Mas se compreender, não chora. Compreende e não chora. Porque teremos a compreensão de que a vida é assim, cresce, adoece e morre. É da natureza.
Monge Genshô – Não é assim, compreende e chora assim mesmo. Nós poderíamos dizer – “Ah, meu filho morreu, é como uma folha que caiu” – mas isso não é realista. Na verdade você sofre e sofre mesmo, entregue-se ao sofrimento e sofra de verdade, porque faz parte da vida.
Aluno – Me veio à mente a imagem do filme de Dogen, que quando ele morre todos os monges caem em pranto. Naquele momento eles choram compulsivamente, sofrem e muitos já estariam até iluminados, já teriam uma compreensão, já sabiam que ele iria morrer e mesmo assim sofreram.
Monge Genshô – A melhor história para isso, talvez, seja a do mestre que recebe uma carta com o comunicado de uma morte na família. Ele senta-se numa pedra e começa a chorar. Um discípulo vai até ele e faz esse discurso – “Mas como o Senhor nos ensinou sobre apego e agora o recebe uma carta sobre a morte de alguém da família e está aí chorando”? – o Mestre dobra a carta olha para ele diz – “Escute aqui seu idiota! Estou chorando porque quero” – vira-se para o outro lado e volta a chorar. Esse é o Zen.