Entrevista: A Visão Social do Zen

Entrevista: A Visão Social do Zen

3) Qual a sua visão sobre a ação social do Zen? Seria a prática de zazen a mais importante ação social? (na medida que através dela ajudamos os demais a atravessarem para “a outra margem do rio da ignorância”)

A mente humana sempre quer classificar, separar, para poder entender, mas o zazen é inseparável da ação no mundo e é prática essencial do zen o viver plenamente de acordo com nossas capacidades e talentos. O que pode nos atrapalhar nisto é justamente o sentimento egoico que coloca nossos objetivos à frente dos outros. Na sangha zen é essencial trabalhar em conjunto, não tentar destacar-se, não falar inutilmente, não criticar os outros, tudo para cultivar a harmonia como valor mais alto. Aqueles que fazem propaganda de seus atos e acham erros nos restantes esqueceram que o caminho não é este e que o desejo de fama e honra é a pior doença de nosso tempo.

4) Gostaria que o senhor falasse sobre o papel do Bodisatva para o Budismo Soto Zen. Acredito que essa é uma figura fundamental para falarmos sobre o tema pois é ele quem “deve ir ao inferno para ensinar os demais”, nas palavras de Taisen Deshimaru. Acredito que o próprio Kodo Sawaki seria um bom exemplo já que ele viajava o Japão para ensinar nos lugares menos tradicionais e até mesmo nas prisões.

A mente de compaixão, a figura do Bodisatva é essencial. Os exemplos são inúmeros em nossas Sanghas: uma praticante iniciou um coral em um presídio em Joinville, outra a prática no presídio em Florianópolis, outros reúnem a Sangha em sua cidade para ajudar ações de organismos dedicados a ajuda social, no Japão e EUA o zen tem hospices, hospitais especiais para ajudar os que estão em estado terminal, outros programas para crianças em escolas, os exemplos são inúmeros e fazem parte da prática de grupos e pessoas individualmente.

[Entrevista concedida à Revista Bodisatva, nº 30, por Genshô Sensei]