Entrevista: O Zen e o Engajamento Social

Entrevista: O Zen e o Engajamento Social

5) O Dharma, desde sua origem até os dias atuais, foi se adaptando às necessidades de cada época e cada país. Ações sociais deveriam ser mais incentivadas na sangha brasileira, visto que somos de um país com problemas sociais tão complexos? Nós, praticantes brasileiros, temos uma responsabilidade ainda maior com o compromisso social em comparação com praticantes de países mais desenvolvidos?

Cada grupo de praticantes e cada pessoa escolhe sua atividade inspirada pelos ensinamentos nas Sanghas. Não é preciso um programa de incentivo. Desde que no momento em que alguém começa a descartar seu eu autocentrado, volta-se naturalmente para os outros, aqui e em qualquer lugar do mundo. Quando alguém vem sugerir um programa na Sangha, sempre respondo: – “Excelente! Você, que tem esta ideia e motivação, pode começar este projeto, nós o apoiaremos! “  Infelizmente os que trazem estas idéias na maioria dos casos desaparecem assim que a perspectiva de trabalhar surge.

Os que realizam fazem sem vir sugerir que outros o façam.

Uma coisa importante que precisamos evitar é que as Sanghas, ou as instituições budistas, sejam cooptadas pelos que desejam instrumentalizar o budismo para defender objetivos ideológicos ou de fundo partidário. Este tipo de tentativa, vez por outra ressurgente por tendências extremistas de qualquer cor, tende a criar debates, facções e cisão nas comunidades budistas. O objetivo essencial de despertar não pode ser abandonado em favor de ideologias transitórias: é o ensinamento de Buda, este permanente, que precisa ser preservado.

[Entrevista concedida à Revista Bodisatva, nº 30, por Genshô Sensei]