O segundo passo é “Encontrando as pegadas”. “Praticando o zazen e lendo a literatura se adquiri certa compreensão, ainda que, todavia, não se haja experimentado o kensho, uma experiência mística. Na primeira etapa, quando se começa a busca, pode haver duvidado se poderia alcançar o objetivo olhando nessa direção, mas agora tem confiança que se seguir esse caminho alcançará sua meta.” Encontrar as pegadas é encontar uma prática espiritual que tem algo a ver com a gente, com o qual temos conexão, então surge a confiança que posso seguir naquele caminho e chegar a algum lugar. O comentário de Sekida para esse dois passos é que “começar a buscar o boi é qdo o principiante se inicia em como sentar-se, em como regular a respiração e a atividade mental. Nesse estágio ele é ingênuo, submisso e intensamente impressionável, o som do sino chega absolutamente puro e parece que penetra profundamente em seu coração purificando-o, todas as coisas criam em sua mente
uma forte impressão, até um leve movimento da mão, ou dar um passo, tudo ele faz com
gravidade e isso é muito importante e precioso mesmo que ele não possa se dar conta disso, é superior a um kensho pobre e comum.
Essa devoção do principiante não deveria perder-se nunca, mas desgraçadamente muitos estudantes a perdem mais tarde, substituindo-a por alguns de seus logros meritórios e dessa forma começam a se dar muita importância”. A primeira coisa é quando o praticante aprende algo, daí quer mostrar que sabe, quer mostrar que sabe para os novatos, para o professor, quer sempre mostrar que sabe alguma coisa, não se pode lhe ensinar nada sem que ele acrescente algo pra mostrar que sabe – Áh, isso eu já sei – isso é ter perdido sua inocência, a sua mente de principiante, ele sente-se um veterano. “Por isso uma instrução importante é não mostre que sabe, ao estudante do zen se pede que abandone a religião dos méritos, para entrar na de nenhum mérito”. Isso pode ser percebido na pratica. Um principiante quando realiza uma tarefa ou cerimônia e erra, não se importa muito com isso por que ele sabe que pode errar, ao passo que quem perdeu a inocência envergonha-se por ter errado, ou justifica-se pelo erro , ou fica chateado pelo erro.
Os comentários de sekida para o segundo passo; “quando a pratica do zazen começa a
encaminhar-se, ou seja, o primeiro passo, encontrando as pegadas, ele vê como a mente
começa a aquietar-se e, vê agora com surpresa, que durante todo o tempo seu estado
mental normal era revolto e agitado e não se dava conta disso, começa a perceber que tem estado sofrendo de um vago e inquieto sentimento cuja origem não conseguia precisar.
Porem, agora que pratica zazen se acha livre desse estado em grande medida, vê que o
zazen pode ser um meio de aquietar uma mente preocupada. Quando deu começo a pratica
na simples técnica de contar a respiração, ficou perplexo ao ver que não era nada fácil, mas depois de esforços tenazes vai sendo capaz me manter focada sua mente dispersa e gradualmente começa a por em ordem a atividade de sua consciência, se dá conta que uma nova dimensão mental começa a atuar, mas ainda esta longe de experimentar um kensho genuíno. Quando começamos no zazen, esse segundo estagio pode demorar muito tempo, por que basta que nos sentemos em zazen e nos acostumemos a nos distrair, a pensar, a viajar para trás e para frente e podemos continuar fazendo isso durante anos, sentar em zazen para se acalmar, mas a mente viaja pra frente e pra trás e nós deixamos e não conseguimos ficar no momento presente só ouvindo os sons, só entrando em samadhi, em concentração, por isso que a primeira prática é conseguir um estado de samadhi, sentar e ficar aqui, pegar a mente viajante e a cada instante trazer de volta, isso é muito difícil. Então não basta sentar quieto, é
necessário esse esforço mental, uma luta real pra trazer de volta, trazer de volta, trazer de volta, estar aqui, estar aqui, não se deixar distrair, no sesshin é o melhor momento, pois repetimos um zazen após outro.
(Monge Genshô, texto decupado da gravação de palestra por Ápio San, ainda carente de revisão para transformação em texto escrito.)