Vamos fazer um pequeno apanhado histórico. Dōgen Zenji foi aluno de Tendō Nyojō e trouxe a escola Soto da China para o Japão. Ele deu a transmissão para Koun Ejo e depois Ejo Daioshō deu a transmissão para Tetsu Gikai Daioshō, que saiu de Eiheiji por conta de divergências de métodos de ensino que surgiram. Os monges de Eiheiji não aceitaram bem os ensinamentos esotéricos e rituais que foram trazidos da China por Tetsu Gikai Daiosho. Keisan Daioshō fundou o templo Daijoji, na Península de Noto, Daijoji mudou de nome mais tarde passando a ser Sojiji Soin.
Keizan Daiosho, sucessor de Tetsu Gikai Daiosho, fundou novos templos Soto dependentes de Daijoji e teve uma imensa habilidade de conciliar as diferenças entres os monges, fazendo com que rituais fossem aceitos e que se preservasse o ensinamento antigo. Ele conseguiu uma grande unidade e conseguiu espalhar a escola Soto por numerosos templos. Muitos templos de outras escolas optaram por seguir Keizan Daiosho dada essa maneira de ser um conciliador das diferenças.
Em 1301 Keizan escreveu a partir de escritos antigos, por exemplo de Ching-te Ch’uan Teng-lu de 1004 que narrava a história da transmissão até então, o Denkōroku que é o relato de transmissões que temos atualmente e que chega até os anos 1300. Eu quero ressaltar que na nossa linhagem, do meu mestre Saikawa Rōshi, o despertar é extremamente importante, então nós estamos focados nisso. Em muitos lugares a prática em si foi colocada como “a prática é iluminação”, que foi uma fala de Dōgen Zenji. Essa fala é uma maneira de desarmar a ambição porque as pessoas se sentam e nisso têm grande esforço, alguns têm dificuldades enormes e o despertar fica como um objetivo a ser alcançado. Com essa frase, “a prática é o despertar”, Dōgen mostra que não há nada para ambicionar.(Continua …)
Trecho da palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, Pirinópolis, outubro/2019.