1) Dentro de uma prática regular, o que o senhor considera bom e razoável, para manter uma disciplina e um condicionamento da mente?
Monge Genshô: Seria bom fazer zazen duas vezes ao dia. Mas mais importante do que só fazer zazen, é começar a prestar plena atenção naquilo que se está fazendo. O que estou fazendo? Plenamente presente significa a mesma mente do zazen, sem ficar no passado nem no futuro. Lavar a louça: lavar a louça. A água caindo nas mãos, detergente no prato, tudo bem limpo, ficou sem gordura, enxaguar, sentir a temperatura da água, colocar para escorrer, outro prato. Aqui e agora. Nada de pensar no que eu vou fazer amanhã, o que aconteceu ontem, as contas para pagar, nada. Você vai fazer zazen lavando pratos, isso é bem importante.
Se você conseguir treinar no zazen estar presente naquele momento, você pode transferir para aquilo que você está realizando, e isso você pode fazer até 24 h por dia. Com uma prática assim, sua mente vai mudar muito, muito.
Dirigir um carro é um desafio. Você está andando, vem alguém atrás, buzina. Você não pensa nada, não se irrita, não se mobiliza, pensa que ele deve estar com mais pressa e dá passagem para ele. Ele passa do lado e diz uns palavrões porque você estava atrapalhando, e você não diz nada. Aceita como se fosse água caindo do chuveiro. Nada, não responde nada. E não continua pensando no assunto, continua dirigindo e dez metros depois você tem que ter esquecido os palavrões. Tentar não ficar com sentimento de ansiedade ou raiva depois, é isso que você tem que conseguir. Não levar nada em conta. (continua)