Este Deus a que estamos acostumados no ocidente, o deus criador, um ser com vontades, desejos, projetos, não existe no budismo. Por causa disto alguns dizem que o budismo é ateu, mas isto é uma simplificação, seria mais correto dizer que o budismo é “não teísta”. O budismo não é nihilista, o Vazio budista não é um nada, mas sim a qualidade de tudo ser interdependente, vazio de existências inerentes, de “eus” individuais. O Vazio é não causal, não condicionado, não pessoal, não é um algo do qual surgem os fenômenos. Este vazio é a própria forma, não é diferente dela. Pensamos que somos indivíduos mas este é um engano, temos a ilusão da individualidade e queremos que ela seja permanente, na verdade somos apenas manifestações cármicas temporárias. Compreender e ser capaz de integrar-se é a iluminação. Por tudo isto reificar o Vazio é uma incompreensão da doutrina budista.
No caso da palavra deus, ela tornou-se tão elástica que pode abranger desde um ser pessoal, a semelhança do homem, até algo tão imaterial e não interferente no universo que não possa ser referido.
A opção original budista foi considerar deus um assunto fora dos temas de que o budismo trata, visto este estar focado somente no agora e no despertar do homem. Despertar do quê? De todas as ilusões.