Genshō Rōshi: [CONTINUA] Algumas pessoas pensam que isso vai ser definitivo e completo, de uma vez só, mas não é verdade. A realização espiritual e o acordar têm muitos degraus e ter atingido um primeiro degrau não significa que você é um desperto, um Mestre, capaz de ensinar. Significa que você teve um vislumbre, uma experiência. É preciso aprofundar muito isso para chegar nessa experiência mais profunda, que possa ser transmitida aos outros. Na tradição do Zen isso tem que ser falado com um Mestre e o Mestre tem que reconhecer. Ele diz: você conseguiu tal ponto e o autorizo a ensinar. Só o reconhecimento por alguém que realmente já experimentou a mesma coisa habilita uma pessoa. E mesmo assim, um despertar realmente significativo, é uma coisa difícil.
O Grande Mestre Shunryu Suzuki, que ensinou nos Estados Unidos na década de 60, autor do famoso livro “Mente zen, mente de principiante”, diz, quando lhe é perguntado, quantas pessoas completamente despertas existem no mundo hoje que não mais que uma dúzia. Portanto, temos que ter muito cuidado também quando procuramos alguém para ouvir, porque só uma realização significativa pode ajudar outras pessoas. E não é uma coisa que se encontre ali na esquina.
Resumindo, despertar, o que é esse despertar? O despertar é acordar do sonho, obter uma realização espiritual mais profunda, esquecer de si mesmo, da sua individualidade e ver sua verdadeira natureza. E a nossa verdadeira natureza não é este eu em que tanto acreditamos, não é esse eu de agora, meu individuo, meu CPF, meu nome, minha certidão de nascimento, nem essa minha individualidade. Isso não é quem eu realmente sou, isso é o meu fenômeno momentâneo, nesta vida. Mas quem eu sou além de nome e forma?
A resposta a essa pergunta é que é o verdadeiro despertar. E quem desperta então está livre de toda dor e sofrimento. Porque a dor e o sofrimento estão ligados ao Eu, às nossas identidades e apegos, e quando nos desligamos disso toda dor e sofrimento se dissolvem.
Resposta proferida por Genshō Rōshi, nas lives do Sobre Budismo, em 2022.