Foto de Cássia Popolin
Qual seria, segundo o Buda, o papel da consciência em relação à própria manifestação da vida? O que é a consciência humana frente à dos demais seres?
Esta consciência, produzida pelo funcionamento do corpo e mente, é apenas um constructo temporário, uma ilusão que produz a sensação do ‘eu’. Se é disto que estamos falando, a consciência é produto da vida, e não o contrário.
Você pensa que é ‘fulano’, mas isso ocorre porque sua mente esta funcionando a partir do que aprendeu, qualquer acidente, como um derrame cerebral, pode anular esse efeito e sua percepção de ‘eu’ com seus agregados.
A diferença da consciência humana é a sua ‘clareza’. O que caracteriza os animais é a falta dela. Mas mesmo entre os animais, há muitos níveis de clareza e de percepção, assim como há entre os humanos.
Podemos imaginar o momento em que o cérebro humano atingiu complexidade suficiente para dar-se conta de sua existência, prever a sua morte. Podemos também supor que um cérebro artificial chegue um dia a essa complexidade e desenvolva uma clareza ainda superior. Talvez seja apenas uma questão de tempo.
Para o Budismo, nada impede que um ser superior seja criado por nós e nos suceda. Não nos imaginamos à semelhança de um criador. Magnífica hipótese que permitiria às manifestações cármicas instrumentos ainda superiores de compreensão e clareza.