Como Lidar com os Conflitos | Monge Genshô

Como Lidar com os Conflitos | Monge Genshô

Pergunta: Com relação a conflitos, então, o melhor é deixar passar?

Genshō Sensei: A gente não alimenta fogueira. Se alguém quer fazer uma fogueira, então está bem, faça uma fogueira. Mas a lenha de quem quer fazer fogueira vai acabar em algum momento. Entende? Nós não vamos colocar mais lenha. Nós não colocamos nada porque na realidade é tolice. Os conflitos sempre são coisas que surgiram de dentro das pessoas que a gente não sabe qual é a origem verdadeira. Mais ou menos, como a história do homem do posto de gasolina, eu não sabia o que tinha dentro dele. Então quando ele disse que perdeu o filho, eu só podia sentir compaixão por ele. Enquanto eu não sabia dessa informação, ele só era um homem que gritava, queria brigar. Em mim a resposta era a mesma coisa, de preparação para briga, preparação para luta. A essência é não entrar no jogo do outro, não participar disso.

Se a gente for examinar, o que tem de substância real por trás das nossas lutas políticas? A substância real é o desejo de enriquecimento ilícito, é egoísmo, é o desejo de poder, de privilégios e pronto. Três, quatro linhas e acabou. As pessoas falam tanto, fazem acusações e nada disso é necessário. Na realidade, a verdade é transparente, todos estão procurando as mesmas vantagens, todos movidos pelo egoísmo. Nós que não enxergamos que as coisas são assim.

Vimos agora nessa greve dos caminhoneiros uma categoria procurando um privilégio para eles, que na realidade toda sociedade vai pagar sob forma de subsídio, porque tem governo fraco. Tudo sai das mesmas ambições, dos mesmos desejos ilícitos. Nós tínhamos que perguntar: por que nós nascemos aqui? Por que nós nos manifestamos no Brasil? Por que não somos noruegueses? Isso é o que nós tínhamos que nos perguntar, porque dentro de nós há as mesmas marcas cármicas deste pessoal.

Tem um conto maravilhoso de Eça de Queiroz chamado “O Mandarim”, se vocês conseguirem leiam depois. Esse conto é uma grande lição e foi escrito no século XIX. Lá ele explica tudo que a gente está vivendo agora. E o fim dele é de um brilho incrível, de você ler e sair dali com vontade de enfiar a cabeça na areia, porque ele pega você. É um conto maravilhoso e escrito em português impecável, se tiverem oportunidade leiam.

Trecho da palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, 31/05/2018.