Colóquio sobre Carma (parte 02) | Monge Genshô

Colóquio sobre Carma (parte 02) | Monge Genshô

Pergunta: Mas como isso pode ter características da manifestação anterior? Como lembrar como era na manifestação anterior?

Monge Genshō: as características de personalidade são herdadas, são as mesmas, são os mesmos impulsos. Assim como uma onda no mar só tem um impulso, não muda a água , mas um metro depois a onda é do mesmo tamanho, tem as mesmas características, velocidade e tudo mais.

Todo o impulso da outra onda está lá, e nós perguntamos: “é a mesma onda?”. É a mesma onda, mas não é a mesma onda em termos de corpo de água que estava lá, foi só a energia que passou.

Você é a continuidade da onda anterior, você tem as mesmas características da onda anterior, embora seja completamente diferente. Toda a sua constituição (a porção de água das ondas) é diferente, mas as características são as mesmas.

Pergunta: Não necessariamente na manifestação seguinte ela seja um ser humano?

Monge Genshō: É muito mais provável que seja um ser humano. Haveria uma certa dificuldade em se manifestar como uma girafa, porque as suas características não lhe levam a nascer como uma girafa, a manifestar-se como uma girafa, e sim como humano.

Pergunta: Mas essa ideia não está atada a um eu?

Monge Genshō: Não, não tem nada a ver com um eu. Mas as características de uma onda são semelhantes à onda que vem um metro depois. Por que que seria tão diferente? O normal é que você seja uma continuidade da sua manifestação anterior. Embora no budismo se fale em muitos planos e possibilidades, em outras formas de manifestação, inclusive de puras consciências sem corpo.

Numa listagem, fala-se de 32 formas de manifestações, mas isto é altamente especulativo também. Nós não sabemos. Aliás, perguntar sobre isso também não tem muito sentido, porque você vai se diplomar nesse curso.

Pergunta: Se aprender a teoria quando chegar a prova a gente tira uma nota melhor…

Monge Genshō: A teoria é: como as coisas futuras são dependentes das pregressas e não existe consequência sem causa, cuide das causas agora para que suas consequências sejam boas. Isso é suficiente.

Como é que é mesmo depois? Importa? Isso me lembra a conversa de um rei que perguntou para um monge Zen assim: “Como é que é a vida depois da morte?” e o mestre Zen disse: “Eu não sei”. O rei: “Mas como que o senhor não sabe? O senhor não é mestre Zen?”. “Sim, eu sou um mestre Zen vivo, não sou um mestre Zen morto”.

[Continua]