Colóquio sobre Carma (parte 01) | Monge Genshô

Colóquio sobre Carma (parte 01) | Monge Genshô

Pergunta: Eu tenho uma curiosidade – acho que já escutei algumas vezes falando que do ponto de vista cármico o último momento antes da morte é muito importante, por quê?

Monge Genshō: É muito importante porque a próxima manifestação cármica depende do estado cármico que você está, e naquele momento ele é importante como último impulso que você está dando. O último impulso, aquela mente, como ela morre, como você falece, a mente que você tem no momento da sua morte é determinante para a próxima manifestação.

Então você vai se manifestar no local como uma pessoa com determinados impulsos e características que têm muito a ver com quem você era, e por isso este momento é importante demais. Só que você nunca é avisado, não é? “Olha daqui a 14 dias você vai morrer”. Não é comum, exceto quando alguém tem uma doença grave. O mais comum é morrer inesperadamente.

Pergunta: Quando o catolicismo reforça a questão do arrependimento antes da morte, é um pouco disso?

Monge Genshō: A interpretação católica é outra. Se você for perdoado, aquilo define tudo e você vai para o paraíso. No budismo não existe isso. Existe só continuidade, embora se alguém leva uma vida santa e morre como um santo católico, na realidade ele obtém um paraíso.

As pessoas obtêm o que procuram. O homem-bomba se manifesta num mundo de ódio, ele morre matando. Então aquele estado mental é muito determinante.

Pergunta: Mas se eu estou sozinho no meio da floresta, ainda assim é importante?

Monge Genshō: Sim, tem um impulso, uma mente, a maneira como que você pensa é importante. Você está sozinho na floresta, mas o que você está pensando? O que você está sentindo? Qual é o estado normal dos seus impulsos?

Pergunta: Essa questão que o senhor coloca sobre uma nova manifestação. Não se refere a tua identidade mas a algo mais sutil?

Monge Genshō: Fui eu que introduzi a expressão “nova manifestação cármica”. Para não dizer reencarnação, nem renascimento, que sempre fazem crer que a sua identidade vai se manifestar novamente. Não é assim. É uma nova identidade que é produzida pelo seu carma. É um novo ser que é continuidade, porque tudo é sempre continuidade, e ele mesmo vai dizer a si mesmo: “Eu sou”.

[Continua]