P. Aqui no zazen quando os pensamentos vão se extinguindo, tem a parede, escuto as cigarras e daqui a pouco parece que estou lá junto com as cigarras cantando. Este é um caminho?
Monge Genshô: Este é um excelente caminho, que é o caminho dos sons, ele é muito bom, alguns mestres ensinam como o melhor caminho o dos sons, você ouvindo e ouvindo todos estes sons como a voz do Buddha, sendo um com todos eles, com toda a sua manifestação, você mesmo, você desaparece e se você desaparece e está com tudo isto então é uma grande libertação e um sentimento de paz, não é uma felicidade eufórica mas muito verdadeira, muito, muito verdadeira.
P. O objetivo do zazen é descartar pensamentos, emoções, sentimentos, mas quando nós somos tomados por um sentimento de compaixão por outros também devemos descartar isto?
R. Quem é que tem compaixão? Lembre-se deste sentimento quem é este que tem compaixão? Ele está aqui e os seres que de ele se compadece estão lá fora? Veja, quando nós temos compaixão temos compaixão pelo outro ser, ainda existe eu aqui e o outro ser de quem eu me compadeço. A compaixão é um caminho, um método, mas ele ainda está dentro do caminho individual porque na verdade quando Buddha vai ensinar aos outros seres não há outros seres para ensinar, este é um problema que você tem que resolver, se tenho compaixão pelos outros seres, mas não há outros seres para ensinar, porque entre você e eles não existe esta distância, enquanto houver esta distância ainda é o eu que está falando. Há uma dualidade.