P. Esta a questão de que as palavras são duais e não funcionam, sinto que o zen conseguiu burlar este problema usando as palavras para transmissão, mas jogando com esta dualidade.Isto ninguém conseguiu fazer. A ciência e outras filosofias não conseguiram fazer. Isto é uma das coisas fantásticas do Zen. As palavras são imperfeitas, mas os métodos conseguiram mudá-las.
R.Agora veja também que o texto que eu li é um poema, quantas vezes os mestres Zen usam poema ou arte para expressar aquilo que está acontecendo.
P.Antes de usar as palavras tem o pensamento e a intenção, então não seria a intenção que conta para ter valor a palavra?
R. Não estamos mais no mesmo assunto do que é a linguagem. Estamos no assunto do julgamento acerca dos atos, palavras e pensamentos e isto existe dentro do budismo a intenção está em primeiro lugar. A intenção diz muito sobre o karma que é gerado, criamos karma muito de acordo com a intenção. Isto é verdadeiro.
P. Conhecimentos milenares estão sendo estudados e desvendados pela neurociência, que explica, por exemplo, que determinados estímulos visuais ou olfativos geram vibração em determinadas ondas do cérebro. Estas percepções mentais que estão sendo desvendadas parecem infinitas.
R O interessante sobre este aspecto é que por mais que nós avancemos neste tipo de análise ela tem as limitações que a anatomia tem para examinar o amor, muitas vezes aparecem coisas interessantes como: eletro-encefalograma de um monge em meditação, ah, ondas teta, muito interessante, mas isto nada diz essencialmente sobre a experiência espiritual em si, é apenas uma aparência grosseira, uma coisa que aparece, vamos dizer assim, é como nós vermos uma pessoa chorando de emoção e pegarmos suas lágrimas num vidrinho, levarmos num laboratório e dissermos, agora eu vou entender a emoção e examinamos a lágrima e vemos que é salgada e que na realidade é parecida com a urina em muitos aspectos. Agora o que isto me disse sobre a emoção do chorar? Estas são as limitações das análises deste tipo.