Cessando o Ciclo de Renascimento

Cessando o Ciclo de Renascimento

A causa fundamental do descontrole que gera o ciclo de novas manifestações cármicas é o primeiro elo, a ignorância: a mente que se agarra à existência inerente. Sob o jugo da ignorância cometemos ações virtuosas e não virtuosas, as causas de nossos renascimentos em condições melhores ou piores. Tais ações denominam-se composição, constituem o segundo elo, e cada ação de composição imprime uma marca na nossa mente, samskara. A consciência que recebe essa marca é o terceiro elo, chamado vijnana. Essas causas projetantes vão criando os efeitos projetados às causas próximas e os efeitos estabelecidos dos dois últimos elos, que são os efeitos correspondentes às causas anteriores.

Se olhamos esses doze elos nessa sequência, compreendemos o processo de novas manifestações cármicas e porque surgem os seus sofrimentos. Os sofrimentos surgem basicamente da ignorância – força motora que desencadeia todo esse processo de repetição. 

A cessação completa da ignorância seria a extinção desse acorrentamento a uma repetição sem fim. Assim, os métodos budistas são investir um esforço para desenvolver a sabedoria, meditando sobre a vacuidade e desenvolvendo uma mente compassiva, que compreende a interdependência de todas as coisas, para que esses elos enfraqueçam e, por fim, cessem.

Então, ao atingir a extinção da ignorância, superamos o renascimento cíclico e interrompemos o continuum de sofrimento. A cessação desse continuum é a libertação ou o nirvana, o estado além da dor. Atingindo a libertação, não seremos mais projetados em novas manifestações cármicas controlados por delusões. Poderemos experimentar novas manifestações cármicas incontaminadas.

[Trecho extraído de palestra proferida em Florianópolis, 23/08/2016, por Meihô Genshô Sensei]