P: E se quando morressemos tudo se extinguisse e nada restasse para uma nova manifestação cármica?
R: Se assim fosse teríamos que admitir a aniquilação completa de tudo que imprimimos no mundo e em nossas consciências, o término completo de tudo, um nihil perfeito de tudo que imprimimos à mente, nossos impulsos etc.. e isso não parece mais absurdo do que admitir que toda ação tem consequência? Que qualquer onda que faças na superfície do mar, atirando uma pedra, modifica a configuração das ondas para toda a eternidade? É só olhar em volta, não há ação sem consequências….e estas são o fruto do carma. E isto é a continuidade que nos faz ser diferentes um do outro. Dizer que nada passa, de uma vida a outra, é nihilismo, dizer que tudo permanece sempre igual é eternalismo, estes os dois extremos que o budismo nega. Nem tudo desaparece sem deixar nenhuma marca nem consequência, nem tudo fica sempre igual, se repetindo sem parar nunca, sempre estável. Nascemos com marcas cármicas, de vidas pregressas, não somos o mesmo eu porque este é construído a cada momento, mas somos essencialmente a mesma criatura de desejos e apegos que nos antecedeu, ou mudamos nossas marcas cármicas ou repetiremos em linhas gerais a vida anterior.