Na China, o budismo já foi destruído umas 3 vezes, e, depois, ressurgiu das cinzas. No Japão, não faz tanto tempo, no final do século XIX, o império quis acabar com o budismo, porque era uma religião estrangeira e prejudicava o nacionalismo japonês. Afinal de contas, o budismo não é japonês, veio senão da Índia. Em 1872, o imperador ordenou que todos os monges se casassem, porque assim eles iriam desmoralizar o budismo. Não deu muito certo, porque os monges casaram-se e continuaram budistas. Mas, de certa maneira, houve mudanças que enfraqueceram o espírito do budismo. Porém, do outro lado, facilitou a difusão do budismo; eu não seria monge hoje se não fosse o édito imperial de 1872.
Então, hoje, o budismo mais bonito, mais idealista, é aqui, no ocidente. Dizemos até que o budismo anda para o leste, e ele vai morrendo lá atrás, porque não tem força suficiente para brigar. O budismo não tem uma doutrina que permite que você faça guerra ou destrua os outros. Então, aqueles que estiverem dispostos a destruí-lo vão conseguir, porque os budistas não vão conseguir enfrentar, como aconteceu no Tibete. O Tibete podia enfrentar a China? Não, o Tibete não tinha nem um exército decente, não tinha nada. Tão impregnados de budismo, não iriam investir em armas. Mas, para que o mundo funcione bem assim, todo mundo precisa pensar assim. Essa é a perspectiva histórica, de modo que é um verdadeiro milagre que o budismo esteja aqui e agora.