A Física moderna se parece muito com o budismo. É surpreendente quando estudamos os textos que foram escritos séculos atrás e encontramos essas semelhanças. Como poderiam os mestres ter esse conceito sobre espaço? Como tinham esse conceito sobre tempo? Séculos atrás, quando ninguém tinha pensado nisso?
A diferença que aconteceu no ocidente foi que esse conhecimento não foi um conhecimento espiritual, obtido através da meditação, mas sim um conhecimento experimental, exato, calculado, obtido através, mesmo no caso da teoria da relatividade, de experiências gedanken – experiências mentais, como se diz em alemão, que são experiências realizadas com o pensamento, com a própria imaginação e só depois expressos sob forma matemática. No oriente não aconteceu assim, mas as ideias fundamentais, os conceitos, estão expressos em textos, como o texto budista que lemos de Tetsugen.
São, claro, difíceis de digerir, como toda física pós-newtoniana ficou também contra-intuitiva, porque você não consegue pensar num tempo se contraindo e se expandindo, embora vivamos todos aqui essa situação. Todo mundo tem aparelhos celulares com GPS e tudo mais, e GPS considera um atraso de tempo dos relógios atômicos que estão nos satélites em relação à Terra, porque senão daria um erro bastante grande em nossa localização dentro do planeta. Então, você precisa considerar que os relógios lá em cima, que estão andando muito rápido em volta da Terra, na realidade andam mais devagar. Isso é contra-intuitivo.
Mas se sou um astronauta e levo um relógio extremamente preciso a uma viagem comigo, e acerto esse relógio na Terra, e depois subo em um satélite, quando eu voltar, o relógio estará atrasado em relação ao da Terra. Isso é calculável. Não é uma diferença pequena: em um dia dá uma diferença de quilômetros, então é muita coisa, e o GPS não funcionaria se nós não calculássemos isso.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]