(Continuação) Durante o sesshin (retiro) eu estava explicando para um pequeno grupo que Buda começa recusando toda a discriminação a respeito de gêneros, raças, castas, etc. Não existe nenhuma distinção entre quem é o quê para a sangha (comunidade). A sangha admite absolutamente todos e torna todos iguais. Por isso, quando nós olhamos os monges, vemos que eles se vestem igual, raspam a cabeça igual, não usam barbas e se abstraem de características individuais. Essa questão das características individuais é outro ponto muito importante. Num sesshin nós dizemos para não usar perfumes, não usar joias, não tentar se distinguir, não usar uma roupa especial, com cores diferentes ou decorações, é o contrário do que a gente vê numa parada militar, por exemplo, onde as condecorações e os distintivos são usados para fazer as pessoas parecerem diferentes de outras. O que nós fazemos é praticar a uniformidade e implicitamente há um ensinamento nisso. Quando você pensa: “vou fazer uma tatuagem na testa com a flor de lótus para mostrar como eu sou budista”, o que você está fazendo é o contrário da prática zen budista, porque está tentando ser diferente e se distinguir de todos os outros. Você está se separando e, ao fazer isso, está reafirmando seu ego, sua vaidade e sua condição especial que enfatiza para você algo que contraria o ensinamento sobre o último princípio da realidade: “quaisquer que sejam as características materiais, há nelas ilusão. Aquele que percebe que as características não são de fato características, este percebe o Tathagata”. (Continua)