Nós não vamos nem viemos; nós sempre estivemos aqui. Apenas surgimos como manifestações diversas. Não há um ir nem um vir; só existe esse “ser”, e o próprio transcorrer do tempo é ele, em si mesmo, do ponto de vista de Dogen, uma ilusão. Dogen explica que todo o tempo é um ponto e que nesse ponto tudo está contido, passado e futuro. Nossa própria sensação de “transcorrer” o tempo é, ela mesma, proporcionada pela nossa existência dentro do tempo. Em outro sentido, tudo é tempo, tudo o que vemos é tempo. Se conseguirmos escapar dessa percepção linear e voltarmos à percepção do ponto então, subitamente, a eternidade está disponível e não existe transcorrer, nem ir nem vir, nem início, nem começo, nem fim, nem término.
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei em Florianópolis, janeiro de 2019]