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Então depois do samadhi, kensho. As pessoas pensam que iluminação é uma coisa fantástica e extraordinária, dificílima etc. Até é, mas pequenas amostras, são comuns. O problema é que a pessoa não é iluminada porque teve uma experiência assim: viu um passarinho e achou, “Ah! Que lindo”! E não pensa mais nada, vive aquele momento intensamente, mas, 3 segundos depois, passou.
A iluminação está disponível, o que acontece é que nós não conseguimos agarrá-la, porque nós não estamos preparados para isto e, se a pessoa tiver a mente muito conturbada, ela não consegue nem ver o passarinho, e se vir o passarinho joga pedra nele. É uma questão de mente, não consegue ver nada, está perdido completamente. Mas uma pessoa razoavelmente normal, ela tem algumas experiências muito lindas, só que não consegue mantê-las. Não consegue segurar aquilo e não pode decidir ter, não pode dizer assim: “agora vou me desligar de tudo e mergulhar numa experiência”. Essa habilidade de poder mergulhar na iluminação a qualquer momento, nós chamamos de “Satori”, e essa é dificílima, porque exige uma condição mental em que você acha e vê a sua vida a cada momento, como perfeita, em que a noção de um eu foi inteiramente esquecida.
E a diversão é mergulhar na falsidade, imagine uma pessoa que tem o Satori, ela vai ao cinema senta e vê: “são pontos de luz numa tela; os atores representaram isso anos atrás; tinha um roteiro; é tudo montado; é uma peça de teatro; não é nenhuma realidade”. Então ele aprecia a obra, mas não é arrastado por ela. Está vendo a realidade e não é arrastado por nenhuma fantasia. (continua)