Aluno – Eu só consigo meditar com olhos fechados, eu vou visualizando cores que vêm aleatórias e me concentro nas cores e nos sons…isto está errado?
Monge Genshô – Não é para se concentrar em nada. Isso não é zazen, ainda não é zazen. Você está vendo coisas, ilusões, e se concentrando nelas. Não é para se concentrar nas ilusões que surgem, mas na realidade tal como ela é. Então nós abrimos os olhos levemente, semicerrados para baixo, não focamos em nada, também é errado abrir os olhos e começar a olhar, procurar cavalinhos, elefantes, nas frestas da parede etc. Um bom exercício é olhar para a parede e não procurar ver nada, desligar, é só isso que existe, as coisas tais como são, na sua frente, não as coisas que você fabrica na sua mente. Onde estão as imagens que nós vemos nas nuvens? Na mente.
Então você não tem que projetar as imagens da sua mente, procurar ver cores ou se concentrar em algo. Não é para se concentrar. Zazen não é concentração simples. Zazen é aceitar tudo que vem. Eu estou aqui olhando, mas estou ouvindo um pássaro lá fora. Eu aceito. Um carro subiu a ladeira. Eu aceito. Começou a chover. Eu aceito. Eu não julgo nada. Um mosquito veio, voou e me picou. Eu aceito (afinal de contas ele precisa comer). Se eu fizer isso, aceitar as coisas tais como elas se apresentam, eu estou treinando para a vida. Se eu fechar os olhos eu aumento as probabilidades de sair daqui deste lugar, porque eu quero ficar aqui, neste lugar, no presente. Com os olhos um pouco abertos, eu ainda estou aqui, vendo este local, que é a realidade. Eu quero aceitar a realidade, os sons reais, as coisas como são. Não julgá-los, não apreciá-los, não é para apreciar, é só para aceitar. Por isso meditação é com os olhos abertos, não é com os olhos fechados. Esqueça o objetivo de “me concentrar”. Sente e aceite. Só. Só exista. Uma árvore que está ali fora, passa o vento e ela balança. Ela aceita. Seja como a árvore, aceite os ventos.