Algumas Historietas | Monge Genshô

Algumas Historietas | Monge Genshô

Um mago, um iogue e um monge Zen estão na beira do rio. O mago diz: “Vou mostrar a vocês como que se atravessa o rio” e sai andando em cima da água. O iogue diz: “Isso não é nada”, se levanta do ar sai flutuando, pousa do outro lado. Então eles olham para o monge Zen e ele está se molhando todo, tropeçando nas pedras, chega do outro lado pega a roupa e começa a torcer olha para eles e diz: “Vocês não sabem nada sobre atravessar um rio.”.

O Zen ensinado através de histórias é mais divertido, mais interessante. Um mestre vem caminhando numa aldeia e tem um velório, os discípulos estão do lado dele, ele pede um momentinho e entra no velório. Começa a chorar, abraça as outras pessoas todas, sai de lá com a cara inchada. E os discípulos estarrecidos: “O senhor conhece esse homem que morreu?”; “Não.” “Então por que o senhor fez isso?”. E ele responde: “Eles estavam tão tristes, eu me entristeci com eles”.

Na verdade, é difícil de reconhecer, não é? Os textos dizem que só aquele que despertou reconhece aquele que despertou. Precisa alguém que despertou para olhar para a outra pessoa e dizer: “Ele tem uma realização espiritual”. Porque as pessoas comuns não vão reconhecer, eles vão achar que a pessoa é maluca, ou que não tem os pés no chão, que não raciocina direito, que não leva a sério a vida. Tudo é questão de perspectiva.

Thomas Edison tinha o laboratório de Menlo Park onde inventou a lâmpada elétrica, mas o laboratório pegou fogo e ele chamou toda a família: “Venham, venham”. Uma mulher perguntou por que ele estava tão contente, e ele disse: “Olhem, vocês nunca vão ver um incêndio como este!”. Incêndio de produtos químicos é um fogaréu, ele lá eufórico e a mulher assim: “Mas teu laboratório, teu trabalho todo pegando fogo, por que tu estás contente?”. E ele diz: “Estou imaginando o laboratório que eu vou construir agora sem os defeitos desse”. É tudo uma questão de perspectiva.

Então muitas vezes os gênios parecem birutas. Einstein estava trabalhando em Princeton, todos os dias de manhã ele ia na varanda da casa dele e uma menina vizinha começou a ir lá todos os dias e falava com ele lá na varanda. Um dia a mãe dela perguntou: “O que você está fazendo lá falando com o professor Einstein? Você não pode ficar perturbando o professor”, e ela: “Mas mãe eu vou lá e ele faz meu deveres de matemática e eu dou minha maçã para ele”. Uma história deliciosa, porque ele não fazia de graça, também ganhava maçã.

[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]