Eu gostaria de ressaltar para vocês a importância de sentar-se em zazen com a ideia de “nada aí”, e a importância de não valorizar o que vocês têm como pensamento, porque esse pensamento, essa opinião, tudo isso atrapalha. Por isso as instruções que dei no sesshin, as regras que funcionam aqui, não são para serem usadas na vida. Você não vai sair na vida, fazer um trabalho e ficar quieto sem dar sugestões. No sesshin é diferente, o objetivo não é que o trabalho seja bem feito, e sim aprender a estar completamente aberto e não acreditar em si mesmo. Apagar-se em si mesmo.
Nós, por exemplo, na hora do samu, estávamos conversando Sodo San e eu sobre a cerimônia, examinando como iríamos fazê-la, e sempre descobrimos que em tal mosteiro, em tal lugar, é diferente a cerimônia, e às vezes ela me pergunta: “como fazemos então?”, e eu respondo: “como você acha?”, porque não é importante. Não é importante nada do que nós estamos fazendo como regras absolutas. Nós estamos fazendo e aprendemos uma forma, mas temos que fazer sem pensar, não é para desenvolver opiniões. Assim nós vamos criando práticas, e quando está todo mundo consolidado numa determinada maneira de fazer as coisas, eu sempre penso: “vamos mudar algo, todo mundo aprendeu a fazer oryoki muito bem, então acho que temos que introduzir um setsu para ficar difícil”. Dessa forma será outra maneira de limpar, e isso irá complicar o oryoki, porque vai ter mais um instrumento além da colher. Nós estamos, portanto, frequentemente mudando as maneiras de fazer as coisas para que ninguém pense que existe uma maneira certa, porque a crença do certo e errado também está errada. O que existe é: “estamos fazendo todos juntos”, e não “estamos fazendo certo”. Quando você vai para outro lugar, vai descobrir que lá eles fazem diferente, então a nossa maneira não é a certa, e agora você vai ter que fazer como é feito lá. Simples assim.
Tudo o que eu falei está dentro uma única ideia: sua opinião, seu pensamento, seu achismo, suas certezas… Abandone-os.
[Trecho extraído de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]