(Continuação) No budismo tibetano eles têm um treinamento inicial de completar 100 mil prostrações. Você faz 500 por dia até completar 100 mil. No início você não consegue fazer 500, fazer 100 já deixam as pernas doendo. Então uma pessoa normalmente leva meses para conseguir completar suas 100 mil prostrações e quando completa vai até o Mestre e ele pergunta: “e agora o que você sente quando faz prostrações?”. A pessoa diz “não sinto nada, os sentimentos foram embora”, e o Mestre: “ah, muito bem, agora vou lhe dar um mantra para recitar”. Nós não temos no Zen essa prática de acumulações, mas nós temos as prostrações e as repetições. Você fala o Sutra e pensa “isso não tem sentido”, você não sabe o significado, mas repete, repete, repete, até que um dia você se pergunta: “o que é isso que estou dizendo?”. Então lhe dão uma tradução do Sutra do Coração e você vê que está escrito no Sutra: “vazio é forma, forma é vazio, vazio nada mais é do que forma e forma nada mais é do que vazio”. Depois de ler você não entende, porque tudo está sendo negado e é assim também que acontece com este Sutra que estamos lendo, este também faz parte da coleção Prajnaparamita. Mas o que significa Prajnaparamita? Prajna significa “sabedoria”, paramita significa “outra margem”, então é “a sabedoria da outra margem”. Significa que existe um rio da ignorância e eu estou na margem dos perdidos e iludidos, se eu atravessar o rio, na outra margem vou encontrar a sabedoria. Por isso se chamam Sutras da sabedoria da outra margem, é esse o significado. (Continua)