P: Por que o Zen é chamado de método direto ou o caminho direto?
Monge Genshô – Normalmente as escolas Budistas têm caminhos graduais onde o aluno quando chega à escola é incentivado a pegar um terço e repetir um mantra ou estudar sutras, no Budismo Tibetano se chama “Sadhana”, uma tarefa como repetir uma recitação longa, simbólica e instrutiva, e o aluno tem que repetir, por exemplo, 100 mil vezes um mantra. O aluno vai evoluindo de tarefa em tarefa e existe um período preparatório, um período avançado, em algumas escolas existem também iniciações. Também existe o compromisso do aluno que passa pra uma fase acima, de não falar sobre as iniciações para os alunos de fases anteriores, é um método escalonado e secreto.
O Zen em sua história se expandiu em países já Budistas, normalmente o Mestre ficava num mosteiro ou eremitério e o aluno tinha que ir até ele. Este aluno muitas vezes já havia percorrido um longo caminho espiritual, já era um praticante severo de outras escolas. No Zen, os mestres tinham pouquíssimos discípulos, fato que se mantém até hoje. Alunos são muitos, discípulos são poucos. O Zen pegava o aluno e partia diretamente para um método quebrador, um nível mais alto sem estágios intermediários. Essa é a tradição, os alunos vêm e não encontram nada de secreto, só esse desconforto de não ter onde se agarrar e os mestres estão a procura de discípulos, alunos a quem possam dar a transmissão, pessoas a quem repassar a lâmpada.