Buda tinha 29 anos de idade, mas sentia uma angústia existencial forte, tão forte que o fez abandonar toda a sua vida: sua família e filhos, pai, a condição de herdeiro do trono, aquele principado – e ir para a floresta abrindo mão de sua classe de Xátria, raspando a cabeça. Ele só fez isso porque não conseguia resolver o sentido da vida. Ele achava a vida sem sentido: correr atrás do poder, da riqueza, de ambições – todas mostraram-se sem sentido, vazias, frente à realidade da velhice, da doença e da morte. Há velhice, doença e morte. O que sobra? O que eu realizei da minha vida? O que é a minha vida?
Nós olhamos em volta hoje, olhamos para nosso país, e ficamos impressionados com tantas pessoas se corrompendo atrás de dinheiro, de bens ou de poderes, e temos dificuldade de entender como as coisas chegaram a este ponto. Mas a história é muito antiga, e essa é a história da própria humanidade. A história dos príncipes do império Otomano era de matar seus irmãos para ascender ao poder. Quando as pessoas começam a perseguir riquezas, perseguem-nas sem fim, nunca estão satisfeitos.
Tem um ditado budista que diz que toda a riqueza do mundo é insuficiente para a ambição de um só homem. Em verdade, tínhamos de nos perguntar por que não paramos. O segundo verso do voto do bodhisattvaé: “as ilusões e as paixões são inesgotáveis, e faço voto de extingui-las todas”. As paixões são inesgotáveis porque você as alimenta continuamente. Cada um de nós precisa fazer um esforço para dizer “não, eu não quero alimentar esta paixão a este nível porque ela não tem fim, e eu vou lutar continuamente para acumular mais para ter mais etc.”. E isso não cessa, porque a paixão é inesgotável.