A identidade própria de cada um é construída nesta vida. Cada um de nós constrói a sua identidade através da operação de nossas mentes. Isso explica por que perdemos as nossas identidades quando temos uma doença séria como um Alzheimer, um AVC ou uma amnésia: quando perdemos nossa memória, perdemos a noção de nós mesmos com o ser.
Bem estabelecidos esses dois pontos, admitimos que, em princípio, o budismo está analisando que não existe um eu dentro de coisa alguma, nenhum ser tem um eu, individual, próprio, nem nenhuma coisa tem um eu individual.
Nagarjuna é o grande filósofo do budismo do século II d.C., e que se aprofunda e desenvolve mais este assunto. Ele é importantíssimo para nós, sendo chamado em alguns textos de o segundo Buda.
Filosoficamente ele fez um trabalho imenso: é um sutil metafísico que desce sem piedade sua navalha sobre a maior parte dos conceitos mais queridos e difundidos em quaisquer ambientes filosóficos. Nenhum outro pensador, exceto talvez Platão, tenha sido tão incongruentemente rotulado. Foi rotulado de tudo: de realista, de empirista, de idealista, de crítico, de desconstrutivista, de “wittgensteiniano”, de filósofo da linguagem, de epistemólogo, de cético, de niilista, para ficar só entre os adjetivos mais disseminados.