Pergunta – Sobre o esforço correto…Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre o esforço correto.
Monge Genshô – Com relação a isso é muito fácil ocorrerem erros. Se você fizer um grande esforço para se iluminar, isso pode tornar-se uma grande ambição e consequentemente um grande obstáculo. Essa ambição é um materialismo espiritual, um desejo de obter algo para si mesmo e destacar-se dos outros. Mesmo um esforço brilhante, como alguém que estude o Dharma e fale muito bem sobre o budismo, ou alguém que trabalhe denodadamente pela Sangha.
Uma pessoa, por exemplo, vem à Sangha e faz uma grande faxina e após isso fala para todos o que fez. A prática correta seria ele realizar a faxina sem ninguém saber e não comentar nem com ele mesmo. Essa é a prática e o esforço corretos, fazer algo com o único objetivo de beneficiar os outros. Mas geralmente não é isso que ocorre, as pessoas fazem as coisas e esperam reconhecimento. Ou seja, seu bom ato está pleno de motivações egóicas. Mas isso não é exclusividade do Budismo, Jesus Cristo criticava os Fariseus que entravam na Sinagoga com as roupas cheias de sinetas para que todos pudessem ver que eles estavam ali orando. Jesus então dizia: “Ele já ganhou seu Galardão”. O que o fariseu desejava era o reconhecimento social. Desde esta citação farisaísmo passou a significar este coração desviado. A melhor prática é secreta.
(Palestra na Comunidade de Florianópolis decupada da gravação por Chudô San, revisada por Rachel San, jan 2013)