“Eu há pouco deixei meus sapatos na sapateira que fica na entrada da sangha (comunidade de praticantes budistas) e eles estão sujos de poeira ainda, porque hoje à tarde de surpresa me levaram a um lugar onde a sangha havia adquirido 2 hectares de terra para uma construção da própria sangha. Um templo ou, quem sabe mais tarde, um local de treinamento. Esse é um feito extraordinário, porque as sanghas nacionais, por características próprias do Zen, são pobres. Isso acontece porque o Zen tem uma dificuldade básica: ele não tem nada para vender.
No Zen não há cadeiras douradas no céu para oferecermos, nem perdão de pecados, nem glórias futuras, nem bênçãos especiais de riqueza. Não há nada disso. Aqueles que doam e ajudam na sangha, eles têm essa consciência de que estamos no caminho espiritual de nenhum mérito. Ou seja, no caminho onde o que você faz não é retribuído ou pago por nenhuma divindade, nada além da alegria de doar. Só porque nós doamos é que as coisas acontecem e quando vemos que as coisas acontecerem conseguimos nos satisfazer com a felicidade de ver que realizamos algo e que as nossas vidas não foram inúteis. Vemos então que não fizemos algo para nós mesmos e sim para os outros.
O budismo acredita que a mudança tem que ser feita dentro dos homens, que todos os sistemas, os mais bonitos, as mais fantásticas constituições, as melhores leis, não funcionarão se todas as pessoas estiverem interessadas em obter benefício próprio. A mudança tem que acontecer dentro de cada homem, porque qualquer sistema funcionaria maravilhosamente se todos os homens fossem honestos, generosos, bons, esforçados e pensassem no conjunto. O mundo seria muito melhor.
A nossa mudança real começa aqui entre nós, com nosso trabalho e nosso esforço. Eu quero agradecer que essa sangha faça o esforço extraordinário de começar um projeto que à primeira vista é muito superior às forças da sangha, mas se nós pensarmos em grandiosos projetos então nós poderemos realizá-los. Porque o que imaginamos pode provocar força em nós para que nós transformemos a realidade.”
[Trecho de palestra proferida por Meihō Genshō Sensei]
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