A experiência não vem de fora - Parte 2 | Monge Kōmyō

A experiência não vem de fora - Parte 2 | Monge Kōmyō

[CONTINUAÇÃO]

Por favor, entendam. A experiência não vem de fora, a experiência se manifesta através de uma intensa descoberta pessoal. Às vezes, redescoberta pessoal. Quando vocês praticarem o Zen, estiverem na prática, respirando, percebendo as coisas externas e internas, procure força em si mesmos, coragem em si mesmos, e observem quem realmente vocês são. Nós podemos iludir a nós mesmos, mas nós realmente não podemos enganar a nós mesmos. Não podemos dizer: “Ah, eu não estou sentindo isso que eu estou sentindo”. Você pode tentar se distrair, desviar a mente, mas nós não podemos realmente enganar, plenamente, a nós mesmos. Sim, existem pessoas que já se tornaram tão perdidas em auto ilusão que o reconhecimento vai se tornar muito dificil. Mas essa é a prática, a prática não dá limite de tempo, se precisarmos praticar por anos, até finalmente termos a percepção real daquele sentimento, que nós não queremos ver, que seja. Nyozē, é o termo zen, “que seja”. As vezes eu vejo pessoas praticando zazen e vindo para mim dizendo: “Ah, eu senti isso incrível, eu senti aquela paz incrível”. A resposta do professor zen é essa: “Não se prenda, continue praticando”. Porque a resposta é essa se a pessoa aparentemente já conseguiu acessar algo tão bom?

É porque o professor de Dharma sabe que a experiência de autoreconhecimento não se dá com tanta rapidez e facilidade. Há muita coisa em nós. E é preciso tempo, muita paciência, para que nós possamos fazer essa arqueologia de nossa mente. Escavar as nossas camadas, revelar aquilo que está por baixo. Reconhecer, transformar e curar o que não é saudável. Reconhecer, nutrir e incentivar aquilo que é bom em nós. O zazen, feito com determinação, vai nos trazer muitas experiências, muitas serão boas, mas muitas não serão fáceis.


Teishō proferido por Kōmyō Sensei no dia 6 de maio de 2022 na sangha de Niteroi.