Todas essas histórias, desde a da ponte do meio-balde até a dos chipanzés, têm relação com nossa atitude de integração e respeito com toda a natureza e com tudo o que nos cerca. O primeiro preceito budista diz “Não matar”. Isso não significa, somente, não matar seres humanos, mas tem relação com tudo o que nos cerca. Meu primeiro professor do Zen, Kanner San, dizia que esse preceito inclui não matar uma pedra, simplesmente porque também uma pedra pode ser danificada por um mero destruidor, por um capricho. Se não houver um motivo plausível, não temos o direito de destruir qualquer coisa ou de causar qualquer sofrimento. Esse é um questionamento que cada um deve fazer com relação a si mesmo e sua vida no mundo.
Quando penso em moralidade, penso que o budismo não tem uma moral no sentido de mandamentos que temos que seguir, preceitos existem, são como faróis para nos guiar e evitar uma vida com sofrimentos adicionais. Não é uma questão de moral no sentido convencional, como questionar-se sobre a roupa a vestir ou de como nos comportamos; não se trata de uma coisa assim caracterizada por rigidez, por algo que vem de fora ou de um deus a quem tememos. Trata-se de uma ética em relação ao sofrimento, logo, todo ato que cause sofrimento aos outros deve ser questionado, o que engloba gestos, palavras e em última análise, pensamentos – neste caso, porque o pensamento leva a que se cometam as palavras e os atos que irão gerar sofrimento.