Aluno: talvez relevante não seja o que a gente faça com a vida?
Monge Genshô: Relevante é o que você faz com sua vida sim. Eu [ao falar sobre quão efêmera é a vida] estou acentuando um lado para desconstruir esse agarramento. Do outro lado a vida é maravilhosa e você tem que aproveitar cada momento sabendo: “ah, vai terminar!”
Hoje eu vi uma notícia assim: Usain Bolt ganhou 100 metros rasos e à noite comemorou com três suecas. Certo ou errado? Não posso julgar isso nem para ele, e nem para elas. Isso foi um momento deles, e eles quiseram festejar dessa forma. É uma forma fugaz, pois, no outro dia, desapareceu, como todos os prazeres da vida. Nós não fazemos julgamentos deste tipo no budismo: “ah, é culpado”. Os julgamentos no budismo são assim: “causou sofrimento ou não causou sofrimento?”. Por isso é que nós não julgamos as pessoas por suas preferências ou pelo que fazem, ou por suas escolhas pessoais. Quais são as consequências dessa escolha? Isso é o que vamos ver depois, e é assim que as coisas têm que ser cogitadas.
Não existem mandamentos no budismo, nenhum Deus para nos castigar ou punir em relação ao que fazemos. Tudo é ética construída em cima da pergunta: “você está causando sofrimento aos outros?”. Se causar sofrimento é muito ruim. E é aí que percebemos que essa ética é mais aguda que mandamentos.