(Final da palestra do Ven. Dhammadipa no DaissenJi em Florianópolis)
A seguir temos a importância da plena atenção. Buddha ensina que apenas teremos sucesso na prática se praticarmos quatro posturas. Praticar nas quatro posturas significa praticar enquanto sentado, enquanto em pé, enquanto andando e enquanto deitado. O sutra explica que a única forma de obter claridade é praticar com devoção e ininterruptamente. Esta é a prática da plena atenção. Caso consiga praticar a plena atenção nas quatro posturas ininterruptamente, estará plenamente Iluminado. Devemos praticar nessa direção enquanto estivermos conscientes. Caso permaneça neste tipo de plena atenção, está vivendo no Brahmaloka – no paraíso – mesmo estando aqui.
Temos agora a última e curta parte, abordando a sabedoria. Então, ao praticar neste sentido, você deverá “ditthiñca anupaggamma”, deverá abandonar todas as visões. Você deve ser sīlavā, deve ser disciplinado. Como abandonar todas as visões? E como ser verdadeiramente disciplinado? Ambas as virtudes serão atingidas quando compreendermos a originação dependente com intimidade. Tudo que existe, existe em relação a algo. Existir em relação a algo significa ser impermanente. A impermanência apenas existe onde há vazio, pois se algo permanece na sua experiência é, então, imutável. De acordo com o budismo, devemos entender a impermanência a fim de compreender o que está além da impermanência. Tudo muda por não ter uma natureza própria. Apenas pode mudar por conter o vazio. Se algo possui natureza própria, não é capaz de mudar. Logo, a única coisa que possui natureza própria é o vazio em si. É por isso que o Sutra do Coração ensina que a forma, os sentimentos, os cinco agregados são de fato o vazio, não diferentes do vazio em si. Caso consiga ver isso, você é “dassanena sampanno”, aquele com o darśana, a visão direta. Com isso, “kāmesu vinaya gedham”, você estará livre de todos os apegos e não mais retornará ao samsara.
Você deve compreender que este sutra foi proferido a 500 bhikkhus determinados a tornar-se aharants. Caso deseje seguir o caminho do boddhisatva, deve entender claramente o estado de existência de um aharant. Devido a sua compaixão, o boddhisatva não se torna um aharant. Este é o caminho do boddhisatva.
(Traduzido na palestra por Hakudô San e decupado posteriormente da gravação)