O redemoinho também procura satisfazer o seu impulso, ele vai onde há diferenças de temperatura que o alimentem. E nós fazemos isso. Nós andamos pela vida procurando satisfazer os nossos impulsos. Paixões surgem e se esgotam, surgem e se esgotam, surgem e se esgotam…. e você não para de procurar. Isso é o Sansara, o mundo de perambulação. Eu ando para lá e para cá tentando satisfazer o meu impulso, que nem o redemoinho. Quando cessam as diferenças de temperatura o redemoinho morre, não é mais alimentado, desaparece.
O processo é assim, primeiro você compreende intelectualmente. Aí faz zazen, e surge um impulso e você descarta, surge outro impulso e você descarta… surge um pensamento prazeroso, e você mergulha naquele prazer, e fica lá no zazen se comprazendo com aquela história prazerosa, e não sai. Ou mergulha num mundo de torpor e sonolência, e essa sonolência também não permite clareza, você não sai. Ou uma chama qualquer, como uma raiva, excita, e você não sai, porque você continua alimentando o redemoinho.
Então cada vez que o impulso vem, você descarta e volta para o momento presente, que é calma, não está acontecendo nada, a parede está parada na sua frente, o incenso está queimando bem devagar, os colegas estão imóveis, ninguém empurra você, ninguém diz nada, ninguém elogia, ninguém critica, nada, então calma, calma, calma. (continua)