O Quinto Elo – Parte 1 | Monge Genshō

O Quinto Elo – Parte 1 | Monge Genshō

“O Dharma, incomparavelmente profundo e de uma sutileza infinita, é raramente encontrado, mesmo em milhões e milhões de ciclos universais. Possamos nós agora ouvi-lo, aprendê-lo, guardá-lo. Ouçamos cuidadosamente as palavras do Tathāgata.”

Vamos continuar com o nosso estudo dos Doze Elos da Originação Dependente. Hoje estamos no Quinto Elo, Saḍāyatana, que significa, os sentidos.

Imaginem que um corpo cármico, que somos nós, conseguiu uma manifestação como a nossa manifestação humana. Então, ele tem uma consciência de sua própria existência. Lembram que estudamos sobre a consciência no Terceiro Elo.

Quando temos uma consciência da nossa própria existência, ela surge em função da porta dos sentidos. Nós abrimos os olhos e vemos, nós temos ouvidos e ouvimos, nós temos tato e sentimos. Observem um bebê logo que nasce, um dia ele olha suas mãos e nós dizemos assim: ele descobriu as mãos. Ele olha as mãos e mexe. Ele está olhando e percebe que a visão lhe informa a existência de algo como a sua mão, e ele mexe e vê a mão se movendo. Ele tem, então, consciência do seu próprio corpo, da sua mão, de que ele é um ser ali, que ele se manifestou como um ser.

É toda uma grande descoberta. É tão poderoso isso, que o cérebro nos primeiros momentos de existência, nos primeiros anos, fica sobrecarregado com tantas descobertas e informações, que se sente obrigado a fazer uma limpeza de disco por volta dos quatro anos e esquecemos tudo o que aconteceu. Vocês não se lembram de quando descobriram suas mãos. Não se lembram de quando aprenderam a andar, mas sabem que aprenderam a andar. Foi uma outra vida dentro desta vida. Uma vida da qual vocês não lembram, mas sabem que ocorreu, porque estão vendo as outras crianças que nasceram fazerem essas descobertas.

Então, a sensorialidade são as janelas através das quais nós, de dentro de nós, verificamos o mundo. O que nós não percebemos facilmente é que essa percepção é muito, muito limitada. E isso é importante para nós agora, como budistas entender.

Nós sabemos, já que nossa visão enxerga o que nós chamamos de espectro da luz visível. Significa que uma quantidade enorme de informação que passa por nós não é nem sequer vista, jamais é percebida. Porque ela ocorre ou no ultravioleta ou no infravermelho, em outras frequências e amplitudes do espectro eletromagnético, das quais a parte visível é extremamente pequena.

Se você pegar uma longa linha de 3 mil quilômetros de extensão, representando desde as ondas de rádio até os raios gama, que seriam as partículas energéticas lá no extremo do espectro, nós veremos que a luz visível é alguma coisa como alguns centímetros nesses 3 mil quilômetros.

Nós não vemos o resto. Todo o resto está ocorrendo à nossa volta sem que nós o percebamos. É muito fácil exemplificarmos isso agora e sermos compreendidos porque vocês têm seus celulares. E nós estamos conversando aqui. Eu estou dando uma aula e essa é apenas uma de centenas de milhões, talvez bilhões, de mensagens passando nessa sala onde vocês estão agora, nesse instante.

[CONTINUA]


Palestra proferida por Genshō Sensei em teishō na Daissen Virtual em 24 de fevereiro de 2024.